13 julho 2024

No Poema: Recital de Literatura e Música

"No Poema - Arquiteturas em Voz e Verso" é um Recital de Literatura e Música que vai decorrer no dia 13 de julho, às 21h00, no Espaço Álvaro Siza. Com Curadoria e Direção Artística do poeta brasileiro Eucanãa Ferraz, reúne 40 poemas de autores brasileiros e portugueses que vão ser lidos a três vozes por Eucanãa Ferraz, Rosa Maria Martelo e Tatiana Faia. A leitura dos textos é acompanhada por Pedro Guedes, Diretor da Orquestra Jazz de Matosinhos ao piano e Mários Santos, nas madeiras.
Bilhetes à venda aqui.
A Casa da Arquitectura abre as portas pela primeira vez a um recital de Literatura e Música que junta textos de autores portugueses e brasileiros dedicados aos temas da casa, da arquitetura, da cidade e da viagem.

São 50 textos de autores selecionados por Eucanãa Ferraz reunindo nomes como Adília Lopes, Ana Martins Marques, Carlos Drummond de Andrade, Eucanãa Ferraz, Eugénio de Andrade, Ferreira Gullar, Herberto Helder, João Cabral de Melo Neto, João Luís Barreto Guimarães, Manuel António Pina, Manuel Bandeira, Paulo Mendes da Rocha, Rosa Maria Martelo, Ruy Belo, Sophia de Mello Breyner Andresen, Tatiana Faia, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Wally Salomão.

A leitura dos textos é acompanhada pelo piano de Pedro Guedes e as madeiras de Mário Santos.

Os bilhetes custam 5 euros e podem ser adquiridos aqui
Compra na Bilhetera da Casa com aplicação dos descontos habituais.

NO POEMA – Arquitecturas em Voz e Verso

1.

Todos sabemos: as palavras gastam-se no seu uso cotidiano. Elas enrijecem, perdem o sentido e, assim, tornamo-nos máquinas tagarelas, repetidoras de vazios ruidosos que se querem práticos, objetivos. O poema, ao contrário, suspende esse pobre destino da fala: a língua se renova, os significados não repousam, a imaginação se agita, o silêncio retorna – retornamos nós mesmos ao que nos faz humanos. Ouvir o verso em voz alta suspende o tempo utilitário, lança o espaço mais prosaico para outras dimensões. Vem de longe o hábito. Remonta à origem do poema, na Antiguidade. Para ficarmos mais próximos, recordamos do século XIX, quando os saraus consagraram o convívio doméstico entre os suspiros poéticos e o dedilhar dos pianos, enquanto lá fora, longe do ambiente burguês de ares aristocráticos, poetas inconformados entoavam das sacadas dos sobrados versos de revolta política e social; também a vida miúda dos cafés e tabernas inventava seus destinos ao som de versos. A poesia moderna destronou o poeta das amenidades e dos arroubos românticos, mas não abdicou da prática de dizer e ouvir o poema. As vanguardas expressavam-se em alto e bom som. Hoje, os recitais, ou saraus, ou simplesmente leituras – não importa o nome – ocupam espaços culturais em sintonia com a internet e as novas mídias.

2.

Tais pressupostos estão na base de NO POEMA – Arquitecturas em Voz e Verso, espetáculo que tem como traço singular reunir poemas que se debruçam sobre os temas da casa, da arquitectura, da cidade e da viagem. Trata-se, portanto, de dar a ver – ou de dar a ouvir – o quanto a poesia moderna formou sua sensibilidade em diálogo com motivos, problemas, questões, intuições, sentimentos muito próximos daqueles que servem de motor para a arquitectura e o urbanismo. Se estas disciplinas trabalham, obrigatoriamente, dentro de seus limites operacionais, a poesia, por sua vez, está muito mais livre. O principal: arquitectura é um modo de ver. E este pode estar no poema, na canção, nas artes visuais, na filosofia e, sem dúvida, nas reflexões diárias de qualquer cidadão – casa e cidade são bens comuns a todos. A poesia, porém, é uma espécie de síntese luminosa de tudo aquilo que anima e dá forma à vasta e complexa experiência urbana.

3.

NO POEMA – Arquitecturas em Voz e Verso reúne 50 textos assinados por autores brasileiros e portugueses de diferentes gerações. Casa, arquitectura, cidade e viagem são os temas que guiam o roteiro de modo fluido, ágil, e que, de muitos modos, se espelham e se atritam. A leitura em três vozes – Eucanaã Ferraz, Rosa Maria Martelo e Tatiana Faia – busca criar mudanças de tom, timbre, inflexão, além de apresentar diferentes sensibilidades e, consequentemente, modos de leitura.

4.

Intervenções musicais ao vivo serão fundamentais para criar a atmosfera do espetáculo. Em vez de “ilustrar” os textos, contribuirão com suas materialidades próprias, capazes de criar uma outra “camada” paralela e, a uma só tempo, integrada à leitura.

5.

Projeções de imagens em alguns momentos da leitura também funcionarão como “camada” de signos que deverão recuperar a própria dimensão material dos temas abordados nos poemas: cidade, casa, arquitectura, viagem.


Concepção, seleção de textos e direção: Eucanaã Ferraz.

Biografias


Eucanaã Ferraz nasceu no Rio de Janeiro, em 18 de maio de 1961. É poeta, e publicou diversos livros, vários deles premiados no Brasil e Portugal, onde sua obra é editada regularmente desde 2001. Também escreve para o público infantojuvenil. Organizou, entre outros, livros de Caetano Veloso, Adriana Calcanhotto e Vinicius de Moraes. É professor de Literatura Brasileira na Faculdade de Letras da UFRJ e desde 2010 atua como consultor de literatura do Instituto Moreira Salles. Já assinou diversas curadorias de artes visuais e direção artística de espetáculos musicais.

Rosa Maria Martelo. Escritora, investigadora do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, professora catedrática aposentada da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Publicou os seguintes livros de poesia: A Porta de Duchamp (2009), Matéria (2014), Siringe (2017) e Desenhar no Escuro (2023). Entre os seus ensaios mais recentes contam-se Os Nomes da Obra – Herberto Helder ou o Poema Contínuo (2016), Devagar, a Poesia (2022) e Matérias Difusas, Poderosas Coisas (2022). Coorganizou a antologia Poemas com Cinema (2010) e Uma Espécie de Cinema (2019) e organizou a Antologia Dialogante de Poesia Portuguesa (2021). Codirige a revista on line eLyra (elyra.org.).

Tatiana Faia (1986) é autora de cinco livros de poemas: Lugano (2011), Teatro de rua (2013), Um quarto em Atenas (2018), Leopardo e Abstracção (2020), Adriano (2022) e de um livro de contos, São Luís dos Portugueses em Chamas (2016). É uma das editoras, com José Pedro Moreira e Victor Gonçalves da revista Enfermaria 6. Um Quarto em Atenas foi distinguido com o prémio PEN de poesia em 2019. O seu livro mais recente, Adriano, reúne quatro poemas e um ensaio que têm como ponto de partida a figura do imperador Adriano. O livro foi semifinalista do prémio Oceanos e traduzido para grego pela poeta Tonia Tzirita Zacharatou. Traduziu para português os Hinos Homéricos, Fílon de Alexandria, Herman Melville e Anne Carson. Doutorou-se em literatura grega antiga com uma tese sobre a Ilíada de Homero. É autora, em colaboração com o compositor João Ricardo, de um libreto e de uma ária para ópera. Vive em Oxford hámais de uma década.


Ficha Técnica

Curadoria e Direção Artística Eucanãa Ferraz
Leitura Eucanãa Ferraz Rosa Maria Martelo Tatiana Faia
Piano Pedro Guedes
Madeiras Mário Santos


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