22 de maio 2025
Casa da Arquitectura vai acolher acervo de Agostinho Ricca
A Casa da Arquitectura – Centro Português de Arquitectura vai integrar o acervo do arquiteto Agostinho Ricca (1915-2010), figura incontornável da arquitetura portuguesa, cujo trabalho se destacou pela inovação e pelo rigor ao longo de mais de seis décadas. A cerimónia de doação está agendada para o próximo dia 22 de maio, às 18h30, no Espaço Álvaro Siza.
O momento vai contar com a presença de Helena Ricca, filha do arquiteto, que representa a família doadora, e do arquiteto João Luís Marques, colaborador desde 2012 na organização e catalogação do arquivo do autor. O docente da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP) foi Membro da Comissão Organizadora das Comemorações do centenário do nascimento de Agostinho Ricca (2015) e já orientou duas teses de mestrado integrado sobre a sua obra.
O acervo do arquiteto Agostinho Ricca é o resultado de quase setenta anos de atividade profissional. Ricca trabalhou em mais de 200 projetos ao longo da sua vida — só no Porto, aproximadamente 120 — dos quais 60 se concretizaram em obras construídas. Entre estas, destaca-se o Complexo da Boavista/Foco, um parque residencial projetado no início da década de 1960, constituído por habitação, comércio, um hotel, um cinema e a emblemática Igreja de Nossa Senhora da Boavista.
O conjunto documental a ser acolhido pela CA, é composto por mais de 12500 esquissos e desenhos técnicos, mas também maquetes, fotografias, documentação escrita, correspondência, registos de viagem e referências bibliográficas.
A doação, de enorme importância para a preservação do património arquitetónico nacional, reforça o papel da Casa da Arquitectura como instituição de referência para o tratamento e divulgação do trabalho dos arquitetos.
A entrada é livre.
Agostinho Ricca: mais de seis décadas ao serviço da arquitetura portuguesa
Agostinho Ricca Gonçalves nasceu no Porto, a 9 de julho de 1915. Foi nesta cidade que frequentou o curso de Arquitetura da Escola de Belas Artes do Porto, onde concluiu a licenciatura em 1941, com a nota final de 18 valores. Discípulo de Marques da Silva, destacou-se ainda como estudante ao conquistar dois prémios: o Prémio de Modelo Vivo (2.º ano) e o Prémio "Concurso das 3 Artes".
Após a formação académica, iniciou o percurso profissional com um estágio no gabinete do arquiteto Januário Godinho. Entre 1940 e 1945, integrou o Gabinete de Urbanização da Câmara Municipal do Porto, onde colaborou com o arquiteto italiano Giovanni Muzio no 1.º Plano de Urbanização da cidade. Trabalhou ainda com Rogério de Azevedo na Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, participando em intervenções como o restauro dos Paços dos Duques de Bragança, em Guimarães.
Em 1943, iniciou atividade em regime liberal. Participou ativamente nos debates e movimentos da arquitetura moderna em Portugal, tendo estado presente no I Congresso Nacional de Arquitetura (1948) e sido um dos fundadores da Organização dos Arquitectos Modernos (ODAM). Expôs na mostra da ODAM no Ateneu Comercial do Porto (1951), na III Bienal de São Paulo (1952) e no III Congresso da União Internacional de Arquitetos, em Lisboa (1953). Décadas depois, voltou a ser reconhecido na exposição “Arquitetura Portuguesa Contemporânea: Anos 60 – Anos 80”, promovida pela Fundação de Serralves (1991).
Em 1953, foi convidado pelo arquiteto e professor Carlos Ramos a lecionar a cadeira de Arquitetura na ESBAP (Escola Superior de Belas Artes do Porto), função que exerceu até 1959, ano em que abandonou o ensino por motivos políticos. Regressou ao ensino em 1977, retirando-se definitivamente da docência em 1980.
A par da prática e do ensino, manteve uma intensa atividade de estudo e observação. Viajou por vários países europeus e pelos Estados Unidos, procurando conhecer de perto as grandes obras da arquitetura moderna e contemporânea. Essa vivência internacional teve impacto direto na sua obra, marcada por uma abordagem sensível ao lugar, ao uso expressivo dos materiais e a uma constante inspiração nas artes plásticas e na música.
A sua linguagem arquitetónica evoluiu ao longo do tempo, refletindo diferentes influências. Inicialmente próximo da tradição académica das Beaux-Arts, com referências como Victor Laloux e Willem Dudok, viria a aproximar-se do modernismo de Alvar Aalto, Le Corbusier e Frank Lloyd Wright. Mais tarde, o seu trabalho dialogaria com correntes do pós-modernismo, inspirando-se em arquitetos como Carlo Scarpa e Jean Nouvel.
Entre os seus projetos mais emblemáticos destacam-se:
• o remate urbano da Rua Júlio Dinis e Praça Mouzinho de Albuquerque, com Benjamim Carmo (1956);
• a Torre de Habitação da Rua Júlio Dinis (1960–1961);
• o Parque Residencial da Boavista (1962–1973), em parceria com João Serôdio e José Carlos Magalhães Carneiro, que inclui a Igreja de Nossa Senhora da Boavista (1975–1979), decorada por artistas como Júlio Resende e Zulmiro de Carvalho;
• a casa de praia de Valadares (1962), em Vila Nova de Gaia;
• a Câmara Municipal de Santo Tirso (1970);
• os edifícios industriais da EFACEC, em Leça do Balio (1948–1984);
• o Palácio da Justiça de Baião (década de 1980);
• o Santuário de Santo António, em Vale de Cambra (1993);
• a Igreja da Sagrada Família, em Chaves (1995);
• o projeto para um Instituto Padre Himalaya, apresentado na XI Bienal Internacional de Arte de Vila Nova de Cerveira (2001).
O acervo do arquiteto Agostinho Ricca é o resultado de quase setenta anos de atividade profissional. Ricca trabalhou em mais de 200 projetos ao longo da sua vida — só no Porto, aproximadamente 120 — dos quais 60 se concretizaram em obras construídas. Entre estas, destaca-se o Complexo da Boavista/Foco, um parque residencial projetado no início da década de 1960, constituído por habitação, comércio, um hotel, um cinema e a emblemática Igreja de Nossa Senhora da Boavista.
O conjunto documental a ser acolhido pela CA, é composto por mais de 12500 esquissos e desenhos técnicos, mas também maquetes, fotografias, documentação escrita, correspondência, registos de viagem e referências bibliográficas.
A doação, de enorme importância para a preservação do património arquitetónico nacional, reforça o papel da Casa da Arquitectura como instituição de referência para o tratamento e divulgação do trabalho dos arquitetos.
A entrada é livre.
Agostinho Ricca: mais de seis décadas ao serviço da arquitetura portuguesa
Agostinho Ricca Gonçalves nasceu no Porto, a 9 de julho de 1915. Foi nesta cidade que frequentou o curso de Arquitetura da Escola de Belas Artes do Porto, onde concluiu a licenciatura em 1941, com a nota final de 18 valores. Discípulo de Marques da Silva, destacou-se ainda como estudante ao conquistar dois prémios: o Prémio de Modelo Vivo (2.º ano) e o Prémio "Concurso das 3 Artes".
Após a formação académica, iniciou o percurso profissional com um estágio no gabinete do arquiteto Januário Godinho. Entre 1940 e 1945, integrou o Gabinete de Urbanização da Câmara Municipal do Porto, onde colaborou com o arquiteto italiano Giovanni Muzio no 1.º Plano de Urbanização da cidade. Trabalhou ainda com Rogério de Azevedo na Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, participando em intervenções como o restauro dos Paços dos Duques de Bragança, em Guimarães.
Em 1943, iniciou atividade em regime liberal. Participou ativamente nos debates e movimentos da arquitetura moderna em Portugal, tendo estado presente no I Congresso Nacional de Arquitetura (1948) e sido um dos fundadores da Organização dos Arquitectos Modernos (ODAM). Expôs na mostra da ODAM no Ateneu Comercial do Porto (1951), na III Bienal de São Paulo (1952) e no III Congresso da União Internacional de Arquitetos, em Lisboa (1953). Décadas depois, voltou a ser reconhecido na exposição “Arquitetura Portuguesa Contemporânea: Anos 60 – Anos 80”, promovida pela Fundação de Serralves (1991).
Em 1953, foi convidado pelo arquiteto e professor Carlos Ramos a lecionar a cadeira de Arquitetura na ESBAP (Escola Superior de Belas Artes do Porto), função que exerceu até 1959, ano em que abandonou o ensino por motivos políticos. Regressou ao ensino em 1977, retirando-se definitivamente da docência em 1980.
A par da prática e do ensino, manteve uma intensa atividade de estudo e observação. Viajou por vários países europeus e pelos Estados Unidos, procurando conhecer de perto as grandes obras da arquitetura moderna e contemporânea. Essa vivência internacional teve impacto direto na sua obra, marcada por uma abordagem sensível ao lugar, ao uso expressivo dos materiais e a uma constante inspiração nas artes plásticas e na música.
A sua linguagem arquitetónica evoluiu ao longo do tempo, refletindo diferentes influências. Inicialmente próximo da tradição académica das Beaux-Arts, com referências como Victor Laloux e Willem Dudok, viria a aproximar-se do modernismo de Alvar Aalto, Le Corbusier e Frank Lloyd Wright. Mais tarde, o seu trabalho dialogaria com correntes do pós-modernismo, inspirando-se em arquitetos como Carlo Scarpa e Jean Nouvel.
Entre os seus projetos mais emblemáticos destacam-se:
• o remate urbano da Rua Júlio Dinis e Praça Mouzinho de Albuquerque, com Benjamim Carmo (1956);
• a Torre de Habitação da Rua Júlio Dinis (1960–1961);
• o Parque Residencial da Boavista (1962–1973), em parceria com João Serôdio e José Carlos Magalhães Carneiro, que inclui a Igreja de Nossa Senhora da Boavista (1975–1979), decorada por artistas como Júlio Resende e Zulmiro de Carvalho;
• a casa de praia de Valadares (1962), em Vila Nova de Gaia;
• a Câmara Municipal de Santo Tirso (1970);
• os edifícios industriais da EFACEC, em Leça do Balio (1948–1984);
• o Palácio da Justiça de Baião (década de 1980);
• o Santuário de Santo António, em Vale de Cambra (1993);
• a Igreja da Sagrada Família, em Chaves (1995);
• o projeto para um Instituto Padre Himalaya, apresentado na XI Bienal Internacional de Arte de Vila Nova de Cerveira (2001).